A KTM está vivendo um dos momentos mais tensos da sua história: após afundar em dívidas bilionárias e ver estoques abarrotados, a marca austríaca foi salva pela Bajaj e agora passa por uma reviravolta radical. E tem mais, cortes drásticos, mudanças internas e até o futuro da KTM no MotoGP estão em jogo.

Após enfrentar uma crise financeira severa, a fabricante austríaca foi resgatada pela indiana Bajaj Auto, em um acordo estimado em cerca de US$ 900 milhões. Antes disso, a KTM acumulava mais de US$ 2,3 bilhões em dívidas, sendo que 70% desse valor foi perdoado como parte do processo de insolvência.
Agora, o novo comando da marca pretende realizar mudanças profundas. A Bajaj planeja reduzir os custos operacionais em mais de 50%, focando principalmente na estrutura administrativa. Embora o acordo ainda aguarde aprovação da Comissão Europeia, a reestruturação já está em marcha.
Corte deve atingir empregos administrativos
Segundo Rajiv Bajaj, diretor executivo da Bajaj Auto, a KTM sofreu com má gestão durante o boom de vendas pós-pandemia. Em entrevista ao canal indiano CNBC-TV18, ele foi direto:
“Dos 4.000 funcionários, apenas 1.000 são da linha de produção. Os outros 3.000 estão em cargos administrativos. Isso é curioso, porque são os trabalhadores de fábrica que realmente constroem as motos.”
Ou seja, o corte de custos deve atingir principalmente cargos gerenciais e administrativos. Bajaj reforçou que o foco será enxugar a burocracia e reduzir camadas de gestão excessivas.
Ele comparou a antiga estrutura da KTM à crítica famosa de Mark Zuckerberg: gestores que gerenciam gestores que gerenciam gestores, e poucos realmente fazendo o trabalho.
Estoque encalhado e problemas de produção
Para entender a crise, basta olhar para os números: mesmo com a queda da demanda global após a pandemia, a KTM continuou produzindo como se o mercado estivesse aquecido. Resultado? Em dezembro de 2024, a marca acumulava 265 mil motos encalhadas, equivalente a um ano inteiro de vendas.
Essa superprodução foi um dos fatores que puxaram a empresa para o buraco financeiro.

MotoGP pode entrar na linha de corte
Embora o foco seja salvar a marca e torná-la sustentável, há preocupações no mundo da velocidade. O programa de fábrica da KTM no MotoGP também deve sofrer cortes. Há, inclusive, quem diga que a equipe pode deixar a categoria em 2027, caso a situação não melhore.
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Apesar disso, fãs ainda têm esperança. Se a KTM mantiver talentos como Pedro Acosta, jovem espanhol de 21 anos e uma das maiores promessas da motovelocidade, ainda pode colher resultados importantes. O piloto tem contrato com a KTM até 2026, mas pode buscar outro time caso o futuro da equipe seja incerto.
A compra pela Bajaj pode ser o que a KTM precisava para sobreviver. No entanto, as mudanças serão duras, e vão impactar desde escritórios até o futuro da marca no MotoGP. Se a reestruturação funcionar, o mercado global pode ver uma KTM mais enxuta, eficiente e competitiva nos próximos anos.
Diego Pereira (Diego CM), apaixonado por motocicletas, um clássico e experiente viajante que já rodou metade do Brasil sobre duas rodas, com mais de 15 anos criando conteúdo para sites, blogs, Youtube e rede sociais.


